terça-feira, 26 de abril de 2011

Metade

Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio;
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca;
Porque metade de mim é o que eu grito,
Mas a outra metade é silêncio...
(...)
Que o medo da solidão se afaste
E que o convívio comigo mesmo
Se torne ao menos suportável;
Que o espelho reflita em meu rosto
Um doce sorriso que me lembro ter dado na infância;
Porque metade de mim é a lembrança do que fui,
A outra metade eu não sei...
(...)
Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade para faze-la florescer;
Porque metade de mim é platéia
E a outra metade é canção...
(...)
E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade... também.

(Oswaldo Montenegro)


Quatro estrofes desta poesia linda que mais me traduzem agora.... E que daqui a meia hora talvez não traduzam mais...

Porque metade de mim é momento e a outra metade eu não sei...